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Publicado a:
23/08/2021

Escrita:
Catarina Padrão

Helexia quer triplicar vendas para 6,5 milhões em 2022

A Helexia Portugal – do grupo Voltalia, especializado no autoconsumo de energia – está apostada em “ajudar as empresas portuguesas a colocarem os seus produtos de forma mais competitiva nos mercados externos”, por via da redução da sua fatura energética. A empresa, que fechou 2020 com uma faturação de 2,1 milhões de euros, espera neste ano chegar aos quatro milhões e, em 2022, aos 6,5 milhões de euros. O volume de investimentos deverá ascender a 50 milhões de euros, parte do qual será também destinado a projetos de eficiência energética e à mobilidade elétrica, contando no fim do próximo ano ter 300 postos em operação em Portugal. Tem neste momento 75, entre próprios e projetos chave-na-mão.

Com uma quota de 15% na produção de energia de forma descentralizada, o chamado autoconsumo – e da ordem dos 10%, acredita, no segmento da mobilidade elétrica -, o diretor da Helexia Portugal garante que a meta da empresa não é definida em termos de quota de mercado, “embora seja um fator relevante”, mas pela “posição preponderante” que quer ter em setores como o agroalimentar, a cerâmica e vidro, o plástico e borracha e ainda o retalho. “Mais do que uma quota de mercado de forma abrangente e universal, queremos atingir, pelo menos, 25% nestes setores”, frisa Luís Pinho.

E um estudo recente realizado pela empresa conclui que a instalação de centrais fotovoltaicas nestes setores gera poupanças potenciais que podem chegar aos 24% nos custos energéticos das empresas, com reduções substanciais ao nível das emissões de CO2. “Crescentemente, os grandes clientes internacionais procuram não só produtos de qualidade a um preço competitivo, mas olham também para a sua pegada ecológica”, lembra o responsável.

O agroalimentar é aquele em que há maior impacto na instalação de sistemas de autoconsumo. Trata-se de indústrias que consomem energia de forma muito estável, já que têm muitos processos de frio a funcionar em contínuo, pelo que, com a instalação de uma central fotovoltaica de 500 a 100 MWp a empresa consegue poupar entre 10% e 24% da sua fatura energética, obtendo ganhos de 0,4% a 2% do seu volume de negócios e reduzindo as suas emissões em 200 a 900 toneladas de CO2.

Quanto ao investimento, é variável em função da dimensão do projeto, sendo que a Helexia aporta, além da capacidade técnica de desenvolvimento dos projetos, a capacidade de os financiar também. “É uma solução chave-na-mão, que retira às empresas o ónus de terem de fazer este tipo de investimento. Somos nós que o fazemos e, como investidores, somos parte interessada no sucesso e bom funcionamento da instalação”, diz Luís Pinho, que acrescenta: “O cliente só tem de se focar na sua atividade, porque a Helexia foca-se na energia.”

Apesar da pandemia, o negócio não parou. O teletrabalho na Função Pública gerou atrasos e dificuldades nos processos de certificação dos projetos, mas, em geral, a covid-19 veio até criar maior apetência pelo investimento das empresas no autoconsumo. Já os confinamentos tiveram o efeito contrário, levando as empresas a retraírem-se e a “atrasarem o processo de decisão”.

A performance da Helexia foi “um bocadinho desacelerada” em 2020 por este adiar de decisões, mas, em 2021, a empresa já teve isso em conta nos seus planos. Ainda assim, está a crescer e entrou em novas áreas de negócio, como a mobilidade elétrica. “Olhamos para a pandemia como um fator doloroso, mas passageiro e que não desmotiva a nossa vontade de ajudar as empresas na transição energética”, frisa. Em 2019, a Helexia faturou perto de 1,5 milhões, valor que subiu para 2,1 milhões no ano seguinte. Neste ano, espera atingir os quatro milhões e chegar aos 6,6 milhões em 2022.

O aumento do custo das matérias-primas em geral, desde os painéis fotovoltaicos, que estão 20% a 30% mais caros, mas também nas estruturas metálicas e noutros componentes da instalação, é uma das preocupações atuais, levando muitas empresas a colocar em stand-by as suas intenções de investimento. Mas Luís Pinho acredita que esta é uma revolução em marcha e que não vai parar. “Coloca alguma pressão sobre as empresas, reduz um pouco a velocidade de crescimento do setor, mas acredito que, a seu tempo, estes impactos se irão esbater”, afiança.

Atualmente, a Helexia tem em Portugal 20 milhões de euros investidos em projetos de produção de energia, bem como alguns na área da eficiência energética. A empresa perspetiva chegar ao fim de 2022 com investimentos da ordem dos 50 milhões, repartidos entre projetos de autoconsumo, estando estimados cerca de 55 MWp, de eficiência energética, através de contratos de performance energética, e ao nível da mobilidade elétrica, pretendendo terminar o próximo ano com 300 postos em operação. De momento tem 35 postos em propriedade/investimento da Helexia e 40 em projetos chave-na-mão.

Parte do crescimento perspetivado será por via de “crescimento não orgânico”, diz Luís Pinho, que admite ter “em fase muito avançada” as negociações para uma aquisição em Portugal na área da eficiência energética. “Queremos complementar a nossa capacidade na área da auditoria e certificação com mais conhecimento de engenharia industrial para, aqui sim, alavancarmos muito o nosso crescimento. Queremos ajudar as empresas não só a produzirem energia, mas também a consumirem menos energia”, explica o gestor, remetendo para breve mais novidades sobre essa aquisição.

CASOS

Grupo Montalva. Um “passo natural”
A eletricidade tem um peso “muito relevante” nas mais diversas etapas de operação do grupo Montalva/Izidoro, já que, por exemplo, as unidades industriais operam maioritariamente entre 0º e 5º, havendo algumas etapas até em regime de frio negativo, o que gera uma necessidade de refrigeração constante “com forte impacto nos custos energéticos associados”.

E, por isso, a instalação de quatro centrais fotovoltaicas nas unidades do MontijoTorres NovasMilharado e Santarém, num investimento de cerca de três milhões, foi um “passo natural”, não só por uma questão de racional económico, mas porque “tudo o que tem a ver com sustentabilidade e economia circular faz parte da nossa natureza e do nosso DNA”, diz Luís Rodrigues, CEO do grupo. Com uma produção anual de 5,4 GWh, as quatros centrais vão permitir uma redução de 2400 toneladas de CO2 ao ano.

Gresart Cerâmica. Ainda mais um passo na descarbonização
A empresa de pavimentos e revestimentos cerâmicos instalou, em parceria com a Helexia, uma central fotovoltaica na cobertura da sua unidade de Oliveira do Bairro. Com uma potência de 1886 kWp, a central produz anualmente 2765 MWh e permite evitar a emissão anual de 1244 toneladas de gases com efeito de estufa.

Toda a sua produção assenta na utilização intensiva de energia, devido à total automatização do processo produtivo. A instalação da central fotovoltaica surgiu como “uma oportunidade de promover a eficiência energética com relevantes vantagens económicas, assegurando mais um passo no caminho da descarbonização e redução no impacto ambiental desta atividade”, refere o diretor Financeiro da Gresart. Orlando Oliveira destaca ainda que, este investimento “promove, ao mesmo tempo, a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores, pela via da substituição da cobertura do edifício, permitindo melhorar a iluminação natural no interior da unidade industrial e a remoção total do amianto existente”.

Neutroplast. Um negócio atrativo e que se revela um win-win
Fundada em 1993, a Neuroplast nasce da necessidade de dar resposta ao mercado nacional de embalagens para a indústria farmacêutica. Através da instalação de uma central fotovoltaica na sua fábrica em Sobral de Monte Agraço, constituída por 630 painéis que irão produzir anualmente 244 MWh de energia, a Neutroplast “tornou-se mais independente” a nível energético através da produção de energia limpa e renovável para autoconsumo. “O financiamento da central foi totalmente realizado pela Helexia, o que torna este modelo de negócio particularmente atrativo para empresas sem recursos para dar prioridade a este tipo de investimentos; é claramente um negócio win-win“, diz João Redol, CEO da Neuroplast. A central cobre 12% das suas necessidades energéticas e vai permitir reduzir em cerca de 100 toneladas as suas emissões anuais de CO2.

Fonte: Dinheiro Vivo

 

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