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Publicado a:
19/03/2021

Escrita:
Ricardo Atayde

Boas razões para ter um Sistema Gestão de Energia na sua organização

Antes de avançar sobre este tema, gostava de lhe lançar um desafio – quando ouve a expressão Eficiência Energética, qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça? Deixe-me adivinhar, Painéis Fotovoltaicos? É normal, esta é a visão geral da sociedade sobre este tema. Neste artigo, explico que eficiência energética é mais do que painéis fotovoltaicos e porque devemos dar um passo maior, implementando um sistema de gestão de energia.

 

Mas então o que é um sistema de Gestão de Energia?

Conforme o nome indica, trata-se de gerir todo o sistema energético de uma organização : consumos com energia elétrica, gás, biomassa, gasóleo, ou qualquer outro tipo de fonte energética e tornar este sistema mais eficiente ao longo tempo, resultando em redução de custos operacionais e emissões de gases de efeito de estufa (GEE).

Como exemplo, uma unidade industrial da FujiFilm, após ter implementado um sistema de gestão de energia, observou-se que dois dos seus sistemas técnicos estavam em funcionamento durante horas de não produção. Com esta descoberta conseguiram reduzir em 5% os custos com energia elétrica.

Para reforçar esta importância e o impacto que tem nos custos operacionais, elaborei três pontos que ajudam a olhar de forma diferente para a gestão dos consumos energéticos das organizações.

 

Descobrir a energia em desperdício

Um dos critérios de um Sistema de Gestão de Energia, passa por adquirir dados de consumo dos sistemas energéticos mais representativos, e quanto maior a frequência de aquisição melhor . Com o tratamento dos dados é mais fácil identificar desperdício e aperceber-se se tem consumos energéticos em alturas de não produção.

Uma unidade fabril no Reino Unido, com a monitorização proporcionada pelo sistema, descobriu que os equipamentos de ar comprimido e um dos sistemas de AVAC, estavam parametrizados de forma incorreta e a funcionar durante horas de não produção. Após correção, obteve 47 000€ de redução anual e recuperação do investimento em 3 semanas.

Um outro exemplo passou-se num Hotel em Lisboa, onde num dos meses recebeu uma fatura  de água com um valor a pagar muito superior ao normal.  Decidiram investigar e chegaram à conclusão de que uma das condutas subterrâneas tinha uma fissura e que a água estava a escoar diretamente para o solo. Resultado, cerca de 20.000€ de desperdício, que poderiam ter sido evitados caso tivesse um sistema de monitorização constante dos consumos de água.

 

Definir, com precisão, quais os equipamentos a necessitar de aumento de eficiência

Caso a sua organização não tenha um Sistema de Gestão de Energia, dificilmente vai conseguir identificar quais os equipamentos com maior consumo energético, a não ser por estimativa o que cria alguma incerteza na hora de avançar com investimentos. Desta forma um Sistema de Gestão de Energia, que obrigatoriamente utiliza um sistema de aquisição de dados de consumo (monitorização), permite avaliar com exatidão a performance de cada sistema técnico e definir onde deve investir para ter maior retorno.

Numa unidade industrial surgiu a necessidade de substituir a atual caldeira por uma nova com maior rendimento; após realizarem Auditoria Energética e analisado com detalhe o perfil de consumo , chegaram à conclusão de que o sistema de transporte e utilização do calor (proveniente da caldeira) era muito ineficiente. Conclusão, o projeto viu a rentabilidade aumentada, com a redução do desperdício energético.

 

Apoio na decisão de projetos para produção de energia localmente

Conforme abordado no início deste artigo, a principal tendência para o setor da eficiência energética é a produção de energia local – painéis fotovoltaicos, etc.

Como poderá um Sistema de Gestão de Energia ajudar na produção local?  Com a chegada do regime de autoconsumo (Decreto de Lei 153/2014) tornou-se pouco atrativo vender energia elétrica à rede pública, pois a tarifa de venda normalmente é mais baixa do que a tarifa de compra, o que cria a necessidade de consumir praticamente 100% da energia produzida localmente. Para um correto dimensionamento, é necessário saber como se comporta o perfil de consumo da organização e saber, realmente, em que alturas do dia necessita de produzir energia para autoconsumo e evitar o excedente.

 

Em resumo um sistema de gestão de energia traz uma melhoria contínua dos sistemas consumidores de energia. Uma organização com um Sistema de Gestão de Energia implementado, tem uma política energética bem definida, com objetivos e planos de racionalização quantificáveis e alcançáveis no tempo. Com estas premissas, os sistemas técnicos estarão em constante análise, quer em termos de consumo, quer em termos de performance de funcionamento, o que se resume à constante melhoria de todo o sistema ao longo tempo. Isto sim, é eficiência.

 

Fonte: Dinheiro Vivo

 

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